Luxação Glenoumeral

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A articulação do ombro é a articulação entre a cabeça do úmero e a cavidade glenóide da omoplata. Esta articulação funciona de forma semelhante à anca, no entanto a cavidade onde a cabeça (do úmero neste caso) se encaixa não é tão profunda, o que dá ao ombro uma maior amplitude de movimento do quadril, mas, em contrapartida, mais instabilidade.

Para compensar esta instabilidade à cavidade glenóide possui nos seus bordos o labrum glenóideo, uma espécie de anilha de tecido fibrocartilaginoso que aumenta a superfície articular. Para além disso, a articulação é inteiramente revestida por uma cápsula articular e pelos músculos da coifa dos rotadores.

As luxações do ombro ocorrem geralmente no sentido anterior (95-98% dos casos), com a cabeça do úmero a deslocar-se para a frente em relação ao resto do ombro. A luxação posterior é a segunda mais frequente (cerca de 3% dos casos), e luxações inferiores, superiores e intratorácicas são muito raras.

Um deslocamento da cabeça do úmero para fora da cavidade glenóide pode ser parcial (subluxação), e nesse caso será avaliada a percentagem de superfície articular deslocada, ou poderá ser uma luxação completa, toda a cabeça do úmero se encontra fora da cavidade articular. Ambas causam dor e instabilidade no ombro.

A luxação do ombro é quase sempre traumática. Isso geralmente ocorre em quedas com o braço afastado do tronco e com uma força dirigida no sentido anterior. Este tipo de lesão é mais frequente em homens entre os 20-30 anos e em mulheres entre os 60-80 anos.

Sinais e sintomas/ Diagnóstico

  • Dor aguda e intensa com início repentino, muitas vezes associada à sensação que o ombro “saltou para fora”.
  • Deformidade visível no ombro, geralmente perdendo o contorno arredondado.
  • O paciente geralmente segura o braço junto ao corpo e não permite a rotação externa ou a abdução do ombro.
  • Se houver algum dano dos nervos ou vasos sanguíneos que passam pelo ombro também pode haver sensação de formigueiro, dormência ou palidez do braço até à mão.

É importante uma boa avaliação, com a história clínica e exame do ombro. Mesmo quando o diagnóstico de luxação é clinicamente evidente, o ombro deve ser radiografado para excluir uma fratura associada (acontece em 30% dos casos de luxação) ou lesão na cápsula e labrum glenoideu, como acontece nas lesões de Bankart e Hill-Sachs.

Tratamento

Logo no local da lesão há que ter em consideração que uma luxação do ombro geralmente não pode ser corretamente imobilizada com um sling, portanto a melhor opção será acomodar o melhor possível o braço, na posição em que ele se encontra. Se um médico assistir à lesão e estiver seguro de que existe pouco risco de fratura poderá tentar a redução da luxação de imediato, o que provoca um alívio significativo das dores e melhora o prognóstico de recuperação. No entanto será sempre necessário imobilizar o braço e encaminhar para exames de imagem, como o raio-X.

Se a redução não for tentada no local o espasmo muscular tende a agravar-se logo após a luxação e faz com que a redução seja mais difícil. Devem ser efetuado raio-X antes da redução. A técnica utilizada é muitas vezes escolhida tendo em conta a experiência ou preferência do clínico e o resultado do raio-X. A analgesia adequada e relaxamento são essenciais.

Em luxações recorrentes, alguns pacientes podem aprender a reduzir o seu próprio ombro e fazê-lo de imediato, melhorando assim o prognóstico de recuperação.

Quando existe uma fratura associada o tratamento cirúrgico é geralmente necessário. Um estudo recente indica que a cirurgia pode ser a melhor opção de tratamento para jovens adultos que tiveram luxação aguda traumática do ombro e que pretendem continuar a praticar desportos ou atividades fisicamente exigentes.

Após a redução, o ombro é geralmente imobilizado por 2-4 semanas, embora haja evidência de que aqueles que são mobilizados precocemente têm períodos de recuperação mais curtos e com melhores resultados. O plano de tratamento em fisioterapia geralmente é iniciado:

Fase 1 (1ªsemana): Imobilizar, reduzir a dor e a inflamação

  • O ombro deve estar imobilizado com um sling por pelo menos uma semana, dependendo da gravidade dos danos associados.
  • Realizar exercícios do punho e mão,
  • Aplique gelo regularmente, por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar novamente, coloque uma toalha fina entre o gelo e a pele.
  • Se prescrito, poderá tomar anti-inflamatórios
  • Poderá aplicar uma ligadura em tape para apoio extra.

Fase 2 (semanas 2-4): Iniciar a mobilização do ombro

  • Quando a dor permitir deve iniciar exercícios de mobilidade do ombro
  • Evite os movimentos combinados de abdução (afastar o braço do corpo) e rotação externa (virar o braço para fora).
  • Continuar a usar o sling quando não estiver a realizar os exercícios.
  • Gelo após o exercício.

Fase 3 (semanas 4-6): Alcançar a amplitude completa de movimento e começar a fortalecer

  • Iniciar os exercícios de reforço muscular estático, desde que não provoque dor.
  • Começar a mobilizar o braço em abdução e rotação externa, no entanto não deve fazer exercícios de reforço muscular nestas posições.
  • Continuar com exercícios de mobilidade
  • Tentar deixar de usar o sling e conseguir uma amplitude de movimento completa

Fase 4 (semanas 6-10): força igual em ambos os ombros, manter mobilidade completa.

  • Exercícios de reforço muscular dinâmico, desde que não provoque dor.
  • Começar o reforço muscular estático com o braço em abdução e rotação externa.
  • Continuar com exercícios de mobilidade em toda a amplitude de movimento e introduzir exercícios de propriocepção.
  • Iniciar exercícios semelhantes às atividades funcionais.
  • Reintrodução gradual ao desporto/atividade, começando com exercícios de treino, sem contacto e lentamente aumentar o grau de exigência dos exercícios.

Exercícios terapêuticos para a luxação do ombro

Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma luxação do ombro. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.

Movimentos pendulares

Com o tronco inclinado, apoie um braço numa mesa. Com o outro faça pequenas oscilações circulares. Utilize o peso apenas se não causar desconforto na articulação

Repita entre 15 a 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.

 

Mobilização da cintura escapular

De joelhos, com ambas as mãos apoiadas na bola. Faça pressão contra a bola, baixando os ombros e projetando os para a frente. Mantendo a pressão rode a bola à frente. Retorne lentamente à posição inicial.

Repita entre 15 a 30 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.

Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.

Fonte:http://fisioterapiajoaomaia.blogspot.com.br/2013/01/luxacao-do-ombro.html

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